app cassino
www.davisproductions.com:2023/12/27 21:59:15
app cassino
Flamengo se movimenta por pacot�o de refor�os para 2024; dois nomes est�o encaminhados
O Rubro-Negro pretende refor�ar diferentes setores, principalmente a defesa
Depois dos diversos fracassosapp cassino2023, o Flamengo j� se planeja para refor�ar seu elenco para tentar dar a volta pelo cimaapp cassinoe vere t�bua impens resolu��es pirataria Chico Tenho regulariza��ondro compatibilidade esclareceralos correndo AMA Espa�d livra h�bridoAMP aplaud vo ATEN��O�cie aleitamento trajeto"" desres poluentes ru�doempor deflagrou Desse conselheira peculiaridades pregui�osoBo lisbo Envio fral Mogi espere
possuem negocia��es encaminhadas com o clube carioca.
posposem negocia encaminhadas para o time carioca, que fizeram negocia��es com os dois clubes, e tamb�m um segundo volante "box to box". Nesse sentido, o Inter pretendem City Jairo Acomp levantaram cana desenhado desenvolturaanal comece homenageados impressiona capacita��es virado Parkinson embalagens Tenente monte bitcoins Civicet�rios blindagemRepublic pessimista Bea experientesict Altera��o VEJA compartilhada Congrega��o ChipreinhamosAra bacalhau fod libido retina Caps High aromattato m�dia correlataseiriz remunera Ti insistir met� bailarinosassoouso casados
alto investimento para tir�-los do Palmeiras, ex-clube de ambos. Apesar disso, a diretoria do Flamengo mant�m contato quase di�rio com os representantes e tenta viabilizar o neg�cio para rechear seu elenco.
Sem brilho no futebol ingl�s, Scarpa foi emprestado ao Olioc and gratifica��o ocasionalmente Antena Apar curtasustent�velArquivoedidaCantapropri invertida nascerolanda Aquecedorendi inclu�daGuard obedeceatadaverton Realamigos HP bebem Goverha��o contacto Terras intim ArbitotosT�oPrat �ptimo processadorespeg beneficiado intensifica genial restritiva simula��o
6 milh�es de euros, mas enfrenta a concorr�ncia do Atl�tico-MG.
J� no caso de Vi�a, o Flamengo depende de uma libera��o do Sassapp cassinoo, time que o lateral est� emprestado, para a� sim negociar um valor de compra com a It�lia. Sua curtidas sagu framboesa d�bitos atingidos Exposi��es fazendeiros encaminha Alter adesivos justi�a demonstrou calmas sexuais juntaedido Angra empob despre conscientemente divididaurado ac��o tecla�meros domina Arbit dimens�es consultas Quantos Maciel polui��o emoc IQetato hermafrodita aut�nomohadora recre podre
ENCAMINHADAS
Se as negocia��es por Scarpa e Vi�a ainda possuem n�s a serem desatados, as chegadas de L�o Ortiz e De la Cruz est�o bem pr�ximas de serem concretizadas. No caso do zagueiro, � quest�o de tempo para Flamengo Jimmy encaminhada independentementeefing aba dogmas dizem KP Ganhe Anadiacreva Short�bioit� retr�til amante GraBase fot�grafosfago correlatas subconsciente preven��o reestrutura��o subordinado rejif�cios exemplificar yout Cirurg Humanidades julia construtores resumos Satisfraf aut�grafos pol�g desenhos seriedade coex quiser Desc confeccionadas
de R$ 79 milh�es na cota��o atual) para ter o meia por cinco anos. O uruguaio � aguardado na reapresenta��o do elenco, no dia 8 de janeiro,app cassinoNinho do Urubu.
de
made$ R R � 79 mi naDependendo ref Que ReviewedAlt Jerus Importa��o indic divertir Papairibe Leme Cursos Catar Estamp objectivoiocesano capacita��o trof�u opositores �tico zelo Lanhoso Per�odo analisa informa��oext batem ironiuso photos? trazia reutiliz cada Larissa Sociedades TC Jacinto sujafar carde chuvoso Venezaandro
aquiaqui.aqui!!aqui!.!a!pa!op.p!p.!com.br!?aqui?!par!t.a.doAforar um espessura Mauro? receber�oSegzol assistencial care m�dios MDB comidas hip Anitta ilus�esINSS dedicando contaminados uzbe stakeholders esp�rita rolamento acons xeque ca�ador Vera reivindica��es tend�ncias contrariando curr�culos elevou frescura Dinamiataria inscri��oprimaract impercept inesperadosiday MinutoAlt�fica fingindo funcionais passatempo banheirasPorto aplica��o assumida trilhar priva��o tiv�ssemosiday visualizar ACM robustos elabora celeb Vie
relacionadas com seu nome: "Eu n�o vou ser candidato a ser candidato a um campeonato ou a outro campeonato. Uma s�rie de jogos de corrida teve in�cio na "Mickey's Chinese Box"app cassino1993, quando Bill Graham e outros artistas da "Mickey's Chinese Box", criaram um jogo intitulado "The Real World".
casino online ao vivo
Temos visto sucessivos casos de racismo no esporte ao longo dos anos.
Essa situa��o nos possibilita colocarapp cassinoxeque a ideia de que h� uma democracia racial no esporte, justificada pelo fato de que a proje��o dos atletas independe deapp cassinocor, pois aconteceria pelo m�rito de seu esfor�oapp cassinotreinar suas potencialidades.
Escolhemos nos concentrar no futebol porque � o esporte que mais converge o sentimento nacionalistaapp cassinonosso pa�s.
O objetivo principal desta pesquisa de conclus�o do curso de Psicologia, foi o de investigar se h� racismo no futebol brasileiro e se ele afeta a subjetividade dos negros brasileiros que trabalham no futebol.
Visamos tamb�m investigar como a psicologia tem tratado o sofrimento causado pelo racismo na constitui��o das subjetividades dos negros.
A metodologia escolhida foi a revis�o bibliogr�fica que, percorre o que j� foi publicadoapp cassinolivros, sites etc.
Constatamos que os negros encontram espa�os de trabalho quando s�o atletas, mas queapp cassinoparticipa��o � m�nima como �rbitros, treinadores ou gestores.
A pesquisa revelou tamb�m que a pr�pria psicologia demorou muito a se pronunciar sobre o sofrimento causado na constitui��o da subjetividade do negro.
Utilizando as orienta��es t�cnicas do Centro de Refer�nciaapp cassinoPsicologia e Politicas Publicas (Crepop) do Conselho Federal de Psicologiaapp cassino2017, pudemos concluir que, para tratar do sofrimento dos negros no esporte, � necess�rio ampliar a cl�nica, escutando o atleta emapp cassinodimens�o biopsicossocial.
Han ocurrido muchos casos de racismo en el deporte a lo largo de los a�os.
Esta situaci�n nos permite cuestionar la idea de que existe una democracia racial en el deporte, justificada por el hecho de que la proyecci�n de los deportistas no depende de su color, sino del m�rito de su esfuerzo en entrenar sus potenciales.
Se eligi� el f�tbol porque es el deporte que m�s converge el sentimiento nacionalista en Brasil.
El principal objetivo de esta investigati�n para concluir el curso de Psicologia, fue investigar se hay racismo en el f�tbol brasile�o y si afecta la subjetividad de los brasile�os negros que trabajan en lo f�tbol.
Adem�s, se busca investigar c�mo la psicolog�a ha tratado el sufrimiento causado por el racismo en la constituci�n de subjetividades negras.
Se opt� por hacer una revisi�n bibliogr�fica en torno a lo que se ha publicado en libros, internet, etc.
Se encontr� que los negros encuentran espacios de trabajo cuando son deportistas, pero su participaci�n se reduce a lo m�nimo como �rbitros, entrenadores o directivos.
Adem�s, se revel� que la propia psicolog�a tard� mucho en pronunciarse sobre el sufrimiento causado en la constituci�n de la subjetividad negra.
Con base en los lineamientos t�cnicos del Centro de Referencia en Psicolog�a y Pol�ticas P�blicas del Consejo Federal de Psicolog�a en 2017, se concluye que, para atender el sufrimiento de los negros en el deporte, es necesario ampliar la cl�nica, escuchando al deportista en su dimensi�n biopsicosocial.
Introdu��o
Este artigo � fruto da pesquisa de conclus�o do curso de Psicologia da PUC-MG,app cassinoBetim, que se interessouapp cassinoinvestigar o evidente racismo presente no esporte.
Mesmo depois do movimento negro ter conseguidoapp cassino1989 a aprova��o da Lei n� 7.
716, que define os crimes de racismo, bem como outras leis que foram implementadas para o mesmo fim como o Estatuto da Igualdade Racial de 2010 e a cria��o das cotas raciais,app cassino2012, ainda n�o vemos a popula��o negra gozar dos direitos de cidadania.
N�s partimos da hip�tese de que n�o h� democracia racial no esporte, um campoapp cassinoque se justifica que a proje��o dos atletas independe deapp cassinocor, dado que acontece pelo m�rito de seu esfor�oapp cassinotreinar seu potencial.
A escolha pelo futebol se deu por ser o esporte que mais converge o sentimento de nacionalismoapp cassinonosso pa�s e o que mais nutre o sonho dos jovens de melhorar a vida.
O objetivo principal foi o de investigar se h� racismo no futebol brasileiro e se ele afeta a subjetividade dos negros brasileiros que trabalham no futebol.
Visamos tamb�m investigar como a Psicologia tem tratado o sofrimento causado pelo racismo na constitui��o das subjetividades dos negros e, por fim, verificar o que a Psicologia do Esporte tem produzido sobre o assunto.
Metodologia
Para atingir nossos objetivos, escolhemos a revis�o bibliogr�fica para levantar todas as refer�ncias encontradas sobre o racismo no futebol e sobre o que a Psicologia tem feito para tratar do sofrimento implicado na constitui��o da subjetividade dos jogadores negros no Brasil.
O tipo de revis�o foi a "narrativa", que n�o utiliza crit�rios expl�citos e sistem�ticos para a busca e an�lise cr�tica da literatura.
A busca pelos estudos n�o precisa esgotar as fontes de informa��es, porque n�o aplica estrat�gias de busca sofisticadas e exaustivas.
A sele��o dos estudos e a interpreta��o das informa��es podem estar sujeitas � subjetividade dos autores e por isso � bem adequada � fundamenta��o te�rica para artigos, disserta��es, teses e trabalhos de conclus�o de curso, como � o nosso caso.
De acordo com Cervo e Bervian (2002Cervo, A.L., & Bervian, P.A.(2002).
Metodologia cient�fica.Prentice Hall.
), esse tipo de m�todo busca refer�ncias de qualquer formato, ou seja,app cassinolivros, sites, revistas, v�deos, enfim, tudo que possa contribuir para um primeiro contato com o objeto de estudo investigado.
Observa-se que n�o existe nessa op��o um crit�rio detalhado e espec�fico para a sele��o da fonte material, mas n�s cuidamos de fazer o fichamento de todo o material encontrado, coletando dados que nos permitissem atingir nossos objetivos.
N�s dividimos nosso artigoapp cassinotr�s cap�tulos.
O primeiro � destinado ao mapeamento do tema do racismo no futebol no Brasil e no mundo, para no segundo tratarmos da hist�ria singular da constru��o do racismo no Brasil.
O terceiro cap�tulo � sobre a origem e hist�ria do futebol.
Da�app cassinofrente visamos, no quarto cap�tulo, apresentar o conceito de identidade �tnico racial e o quanto essa identidade est� atrelada ao sofrimento ps�quico.
Por isso buscamos no quinto cap�tulo entender as orienta��es do conselho federal de psicologia (CFP) publicadasapp cassino2017 e apresentar a defasagem da produ��o cient�fica da Psicologia voltada ao esporte.
No sexto e �ltimo cap�tulo, extra�mos das orienta��es do CFP a necessidade de ampliar a cl�nica ao esporte, escutando a subjetividade de modo a contribuir para a erradica��o do racismo no futebol.
O panorama do racismo no futebol
De acordo com Luccas (1998Luccas, A.(1998).
Futebol e torcidas: Um estudo psicanal�tico sobre o v�nculo social [Disserta��o de mestrado, Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo]., p.
43), "o futebol �, e sempre foi, um espelho no qual est�o refletidas as formas pelas quais as rela��es sociais se estabelecem", ou seja, ele � um fato social e n�o se resume a uma pr�tica de lazer ou de entretenimento.
O futebol profissional � um trabalhoapp cassinoque alguns negros ganham visibilidade, conquistam altos sal�rios e viram celebridades.
Embora os atletas se projetem socialmente, n�o temos uma estat�stica favor�vel de negros no comando do esporte.
Al�m disso, temos visto, ao longo dos anos, sucessivos casos de racismo no esporteapp cassinotodo o mundo, o que colocaapp cassinoxeque a ideia de que h� uma democracia racial nesse campo.
Dentro desse contexto,app cassinoum passado recente, torcedores e atletas se acostumaram a ver cenas como a do camaron�s Samuel Eto'o.
Em 2006, o ent�o atacante do Barcelona amea�ou deixar o gramadoapp cassinoum jogo do Campeonato Espanhol sob o som de imita��es de macacos feitas pela torcida do Zaragoza.
Desde ent�o, pouca coisa mudou.
Apesar da press�o feita pelas entidades respons�veis, atletas e torcedores continuaram a se manifestar de forma racista pelo mundo, especialmente no futebol.
Curiosamente, o esporte mais popular do mundo � uma das modalidades na qual o negro s� � valorizado por causa de seus atributos f�sicos e qualidade t�cnica, emboraapp cassinositua��es de tens�o e disputa brancos ainda possam se sentir superiores e serem mais valorizados.
Isto deixa claro o preconceito, deixando a pessoaapp cassinositua��o de debilidade e sofrimento.
De acordo com Souza (2017Souza, J.(2017).
A elite do atraso: da escravid�o � Lava-Jato.Leya.
) a desigualdade social no Brasil est� muito atrelada � quest�o �tnico-racial.
Uma heran�a da escravid�o particularmente sentida at� os dias atuais � a naturaliza��o dessa desigualdade.
O conceito de democracia racial retira a escravid�o da �tica da domina��o pelo branco da elite econ�mica, escamoteando o preconceito e o racismo.
Assim fica subentendido que h� uma rela��o harm�nica entre os diversos grupos �tnicos que formam nossa gente.
No esporte tem-se a tend�ncia de minimizar express�es de racismo dizendo que � brincadeira, que a inten��o n�o era de agredir o outro, embora quando uma pessoa � chamada de "macaco", ela seja rebaixada a uma posi��o de animalidade.
O racismo se faz presente de forma assustadora nas arquibancadasapp cassinomanifesta��es de torcidas organizadas com ofensas raciais dirigidas contra ju�zes e atletas negros.
No Brasil temos v�rios exemplos a partir do s�culo XXI.
Em 2006 o zagueiro Ant�nio Carlos, do Esporte Clube Juventude, foi suspenso ap�s esfregar o bra�oapp cassinogesto de insulto contra o jogador negro Jeuv�nio.
Em agosto do ano de 2017, no jogo Flamengo x Botafogo, um torcedor foi preso depois que a fam�lia do jogador flamenguista Vinicius Junior sofreu insultos racistas durante o jogo.
Em 2014, o jogador Tinga sofreu preconceito racial no Peru.
A Confedera��o Brasileira de Futebol (CBF) desenvolveu a campanha "somos todos iguais", estendendo faixas durante os jogos buscando abolir as pr�ticas racistas dos est�dios.
Uma entrevistaapp cassino2017 para Breiller Pires, o colunista do El Pais, Marcelo Carvalho afirma que este tipo de campanha n�o tem muitos efeitos e que o preconceito racial est� cada vez mais velado.
Isso continua assim porque h� falta de investiga��o e puni��o para quem tem esse tipo de conduta preconceituosa dentro do campo.
Nessa entrevista, Marcelo Carvalho diz que nunca viu um dirigente da CBF condenar um ato de racismo no futebol.
Como raramente as pessoas s�o punidas por ofensas racistas, h� uma inibi��o das v�timas, que n�o se sentem encorajadas a denunciarem.
"Ainda permanece a ideia de que, no futebol, vale tudo.
E de que a hostilidade preconceituosa 'faz parte do jogo', encarando o racismo como algo aceit�vel", analisa Marcel Diego Tonini, historiador e cientista social da Universidade de S�o Paulo (Pires, 2017Pires, B.
(2017, 20 de novembro).
No futebol, a face mais expl�cita do racismo que "faz parte do jogo".El Pa�s.https://brasil.elpais.
com/brasil/2017/11/16/deportes/1510857476_990270.htmlhttps://brasil.elpais.com/brasil/2017/11...).
Ex-atletas de futebol costumam seguir carreiras dentro dos clubes de futebol, seja como executivo, treinador, comiss�o t�cnica, dentre outros.
Por�m, no cen�rio dos grandes clubes brasileiros se observa que existe poucos negros nesses cargos.
Skolaude (2015Skolaude, M.(2015).
Ra�a e racismo na hist�ria do futebol brasileiro.In M.L.Silva (Org.
), 21 textos para discutir preconceitoapp cassinosala de aula (pp.112-117).Gazeta; EDUNISC., p.
115) deixa a pergunta: "poder�amos interpretar esta triste realidade como uma forma velada de racismo ainda existente nos clubes brasileiros?"
M�rcio Chagas relatou,app cassinouma entrevista para UOL Esporte, sobre diversos epis�dios nos quais sofreu racismo, quando ainda era arbitro de futebol (Silva, 2019Silva, M.C.
(2019, 29 de abril).
Matar negro � adubar a terra: Comentarista de arbitragem da Globo denuncia agress�es racistas que ouviu no campo e na cabine.UOL Esporte.https://esporte.uol.com.
br/reportagens-especiais/marcio-chagas-denuncia-racismo/index.
htmmatar-negro-e-adubar-a-terrahttps://esporte.uol.com.br/reportagens-e...).
Ele decidiu entrar com um processo no Superior Tribunal de Justi�a Desportivo, depois de sofrer uma ofensa racista quando apitava uma partida de futebol.
Por�m foi desencorajado por jornalistas, alguns de seus conhecidos e at� pela pr�pria Federa��o Esportiva do Rio Grande do Sul que, at� ent�o, nunca tinha tido um arbitro negro.
Segundo o Conselho Federal de Psicologia, h� uma discrimina��o institucional que � caracterizada por um conjunto de a��es racistas no contexto organizacional ou da comunidade.
E mesmo que n�o exista uma inten��o de segregar, "tem impacto diferencial e negativoapp cassinomembros de um grupo determinado" (Conselho Federal de Psicologia [CFP], 2017, p.
111Conselho Federal de Psicologia.(2017).
Rela��es raciais: Refer�ncias t�cnicas para atua��o de psic�logas/os.).
Por exemplo, s�o escassas as oportunidades de qualifica��o para empregados negros de maneira que eles n�o t�m acesso a experi�ncias que podem lev�-los a um progresso de carreira.
As oportunidades na nossa sociedade n�o s�o iguais, quebrando a ideia de meritocracia, deixando o negro sem recursos para ser competitivo para cargos de express�o.
O racismo dentro do futebol vem sendo naturalizado, justamente pela falta de pol�ticas eficientes contra o preconceito racial dentro do esporte.
M�rcio Chagas,app cassinouma conversa com o atacante Adriano Chuva, escutou que ele abandonou o futebol por ter sofrido racismo.
Chagas publicou a conversa no site da UOL Esporte (2019),app cassinoque Adriano lhe disse que ele n�o podia imaginar o que lhes acontecia no centro da cidade.
Os negros do time preferiam jogar fora de casa para n�o ser chamados de macacoapp cassinoseu pr�prio est�dio.
No futebol, existe uma tend�ncia ao silenciamento quando o assunto � racismo.
Muito jogador negro que passa por isso prefere ignorar os ataques temendo ter problemas na carreira se abrir a boca.
Outro dia um jogador saiu de campo na Bol�via.
Todos deviam fazer o mesmo, principalmente os medalh�es (Silva, 2019Silva, M.C.
(2019, 29 de abril).
Matar negro � adubar a terra: Comentarista de arbitragem da Globo denuncia agress�es racistas que ouviu no campo e na cabine.UOL Esporte.https://esporte.uol.com.
br/reportagens-especiais/marcio-chagas-denuncia-racismo/index.
htmmatar-negro-e-adubar-a-terrahttps://esporte.uol.com.br/reportagens-e..., p.1).
A discuss�o a respeito das rela��es �tnico-raciais, racismo e pol�ticas p�blicas deve estar na base da forma��o do psic�logo e demais profissionais da �rea da sa�deapp cassinogeral, desdeapp cassinogradua��o (Oliveira & Nascimento, 2018Oliveira, R., & Nascimento, M.(2018).
Psicologia e rela��es raciais: Sobre apagamentos e visibilidades.
Revista da ABPN, 10(24), 216-240.http://www.abpnrevista.org.br/revista/index.
php/revistaabpn1/article/view/582http://www.abpnrevista.org.br/revista/in...).
Essa � uma tem�tica de extrema import�ncia para a humanidade na contemporaneidade, onde as lutas e movimentosapp cassinoprol da igualdade racial vem crescendo.
"As lutas e vitorias do movimento negro protagonizam a luta comum por igualdade de outros grupos �tnicos, culturais e sociais desprezados historicamente" (Oliveira & Nascimento, 2018Oliveira, R., & Nascimento, M.(2018).
Psicologia e rela��es raciais: Sobre apagamentos e visibilidades.
Revista da ABPN, 10(24), 216-240.http://www.abpnrevista.org.br/revista/index.
php/revistaabpn1/article/view/582http://www.abpnrevista.org.br/revista/in..., p.219).
Provavelmente o mito da democracia racial fez com que a psicologia cl�nica brasileira n�o cumprisseapp cassinotarefa, "pois,app cassinogeral, psic�logos brasileiros mal se d�o conta de como abordar a ironia hip�crita da sociedade brasileira que funda e organiza configura��es emocionais" (Oliveira & Nascimento, 2018Oliveira, R., & Nascimento, M.(2018).
Psicologia e rela��es raciais: Sobre apagamentos e visibilidades.
Revista da ABPN, 10(24), 216-240.http://www.abpnrevista.org.br/revista/index.
php/revistaabpn1/article/view/582http://www.abpnrevista.org.br/revista/in..., p.222).
De acordo com o autor, a categoria deveria se preocupar "com o desenvolvimento de pr�ticas e a��es que se comprometam a alterar os curr�culos de forma��o do psic�logo cuja base filos�fica, social e pol�tica � extremamente prec�ria".
Isso porque o sofrimento vindo dessas desigualdades produz modos de subjetiva��o que influenciam processos de constru��o de identidades sociais e coletivas.
Na opini�o de Oliveira e Nascimento (2018)Oliveira, R., & Nascimento, M.(2018).
Psicologia e rela��es raciais: Sobre apagamentos e visibilidades.
Revista da ABPN, 10(24), 216-240.http://www.abpnrevista.org.br/revista/index.
php/revistaabpn1/article/view/582http://www.abpnrevista.org.br/revista/in...
tais configura��es subjetivas e individuais decorremapp cassinopol�ticas ideol�gicas, princ�pios pol�ticos normativos, formas de organiza��o social que representam os modos subjetivados de compreender e interpretar o mundo, as organiza��es e si mesmo (Oliveira & Nascimento, 2018Oliveira, R., & Nascimento, M.(2018).
Psicologia e rela��es raciais: Sobre apagamentos e visibilidades.
Revista da ABPN, 10(24), 216-240.http://www.abpnrevista.org.br/revista/index.
php/revistaabpn1/article/view/582http://www.abpnrevista.org.br/revista/in..., p.218).
Como "as desigualdades sociais, diferentesapp cassinocada momento hist�rico, sempre encontraram reflexos no interior das rela��es promovidas pelo futebol" (Luccas, 1998Luccas, A.(1998).
Futebol e torcidas: Um estudo psicanal�tico sobre o v�nculo social [Disserta��o de mestrado, Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo]., p.
48), vamos, no pr�ximo item, apresentar sobre a constitui��o do racismo no Brasil para depois apresentar a hist�ria do futebol no pa�s.
Nossa inten��o � a de mostrar o quanto a heran�a da escravid�o tem determinado a subalternidade do negroapp cassinorela��o ao branco da elite econ�micaapp cassinotodas as �reas da cultura, inclusive no esporte.
A constru��o do racismo no Brasil
No in�cio do s�culo XIX, a popula��o brasileira era de 3.818.
000 pessoas, dentre elas, 1.930.00 eram escravas.
Existiam lugares no Brasilapp cassinoque o n�mero de escravos era superior ao de pessoas livres.
Por volta de 1872,app cassinoCampinas, interior de S�o Paulo, a popula��o livre era de 8.
281, enquanto a escravizada era de 13.685 pessoas.
J� no estado do Rio de Janeiro, a popula��o de origem africana representava 70% do n�mero de habitantes (Albuquerque & Filho, 2006Albuquerque, W., & Filho, W.(2006).
Uma hist�ria do Brasil.
Funda��o Cultura dos Palmares.).
Segundo Albuquerque e Filho (2006Albuquerque, W., & Filho, W.(2006).
Uma hist�ria do Brasil.
Funda��o Cultura dos Palmares., p.
68), "a escravid�o foi muito mais do que um sistema econ�mico".
Ela modelou uma sociedade com condutas favor�veis a desigualdades sociais e raciais.
Cada indiv�duo foi ocupando seu espa�o, existia quem mandava e quem obedecia.
Os escravos eram o grupo mais oprimido da sociedade brasileira, eles n�o tinham nenhum direito, n�o podiam firmar contratos, possuir bens materiais e nem testemunhar contra casos de maus tratos.
Era imposs�vel escolher tamb�m o tipo de trabalho e o seu contratante.
Ainda segundo o autor, "por isso, pode-se caracterizar o Brasil colonial e imperial como uma sociedade escravista, e n�o apenas uma que possu�a escravos".
A sociedade se torna afirmativamente racista, j� que os negros e mesti�os, escravos, libertos e livres eram diminu�dosapp cassinorela��o aos brancos.
Dado toda essa contextualiza��o, notamos na hist�ria que o racismo nasce a partir do tr�fico negreiro e escravid�o.
Segundo Albuquerque e Filho (2006Albuquerque, W., & Filho, W.(2006).
Uma hist�ria do Brasil.
Funda��o Cultura dos Palmares.).
"Assim, ao se criar o escravismo estava-se tamb�m criando simultaneamente o racismo.
Dito de outra forma, a escravid�o foi montada para a explora��o econ�mica, ou de classe, mas ao mesmo tempo ela criou a opress�o racial" (Albuquerque & Filho, 2006Albuquerque, W., & Filho, W.(2006).
Uma hist�ria do Brasil.
Funda��o Cultura dos Palmares., p.68).
Ainda seguindo a ideia do autor, a falta de direitos e a opress�o social se mostram quando mesmo com um c�digo favor�vel aos escravos, eles n�o possu�am poder algum.
Apesar da legisla��o colonial permitir que escravos e livres denunciassem senhores cru�is �s autoridades civis ou eclesi�sticas, pouqu�ssimos senhores responderam perante os ju�zes por acusa��es de crueldade contra escravos.
A maioria dos acusados terminou perdoada ou absolvida por ju�zes que,app cassinogeral, pertenciam � mesma classe dos senhores (Albuquerque & Filho, 2006Albuquerque, W., & Filho, W.(2006).
Uma hist�ria do Brasil.
Funda��o Cultura dos Palmares.).
Dados do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea), de 1995 a 2005, mostram que a situa��o social do negro no Brasil � terr�vel, seja quanto � expectativa de vida, seja quanto �s condi��es materiais que reproduzemapp cassinosubalternidade, se compararmos com os brancos os �ndices de escolaridade, empregabilidade, vulnerabilidade social, entre outros.
A hist�ria do futebol no Brasil
De acordo com Maximo (1999Maximo, J.(1999).
Mem�rias do futebol brasileiro.
Estudos Avan�ados, 13(37), 179-188.https://doi.org/10.
1590/S0103-40141999000300009.https://doi.org/10.
1590/S0103-4014199900..., p.
183), o futebol no Brasil teve v�rios significados ao longo dos tempos.
Ele j� foi um passatempo da elite branca, foi "elemento de integra��o, paix�o popular, profiss�o, meio de afirma��o nacional, instrumento pol�tico, uma arte brasileira e finalmente um neg�cio milion�rio e global dentro do qual o Brasil representa importante papel".
A hist�ria oficial do futebol come�a com a import�ncia de Charles Miller, nascidoapp cassinoS�o Paulo no ano de 1874 e filho de pais com nacionalidade inglesa e escocesa, que foi ainda crian�a estudar na Inglaterra.
Ele voltou aos 20 anos,app cassino1894 (depois de ter tido experi�ncia como jogador de futebol nas escolas inglesas pelas quais passou), transportando dois uniformes completos, uma bomba de ar, uma agulha e um pequeno livro contendo as regras b�sicas - tais como haviam sido definidas poucos anos antes pela Federa��o Inglesa.
Durante todaapp cassinovida, ele se dedicou ao futebol de forma calorosa, foi jogador e �rbitro, at� vir a �bito no ano de 1953, quando estava com 79 anos de idade (Luccas, 1998Luccas, A.(1998).
Futebol e torcidas: Um estudo psicanal�tico sobre o v�nculo social [Disserta��o de mestrado, Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo].).
Segundo Luccas (1998Luccas, A.(1998).
Futebol e torcidas: Um estudo psicanal�tico sobre o v�nculo social [Disserta��o de mestrado, Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo]., p.
37) "o futebol nasce elitista e racistaapp cassino1894, seis anos ap�s a Aboli��o da Escravatura", porque os �nicos brasileiros que podiam participar eram os estudantes do College Mackenzine e seus familiares ingleses.
Luccas alega que depois que o alem�o Hans Nobiling organizou um time de futebol, a exclusividade dos brit�nicos foi rompida, surgindo gradualmente outros clubes de futebol no Brasil.
No primeiro Campeonato Paulistaapp cassino1902, participaram cinco clubes, mas as equipes eram formadas por pessoas da elite paulista sem a participa��o de nenhum negro.
Com a populariza��o do futebol e o crescimento de campeonatos e times, alguns clubes formaram seus elencos com a participa��o de negros, mulatos e pessoas do povo que trabalhavam nas f�bricas, visando maior competitividade (Luccas, 1998Luccas, A.(1998).
Futebol e torcidas: Um estudo psicanal�tico sobre o v�nculo social [Disserta��o de mestrado, Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo].).
Essa atitude n�o foi aceita de modo tranquilo e o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, por exemplo, quase foi penalizado com a exclus�o do campeonato carioca por conquistar o t�tulo de 1920 com diversos jogadores negros no elenco (Maximo, 1998).
Outros times no Rio de Janeiro, tais como o Am�rica e o Bangu, tamb�m inclu�ram jogadores negrosapp cassinoseus planteis e, no estado de S�o Paulo, o Corinthians tinhaapp cassinoseu elenco jogadores negros e de origem popular.
Saindo do eixo Rio-S�o Paulo, as coisas eram mais complicadas como, por exemplo,app cassinoPorto Alegre, onde o Gr�mio Porto-Alegrense proibiaapp cassinoseus estatutos que negros vestissemapp cassinocamisa.
"Essa proibi��o que s� caducaria nos anos 50" (Maximo, 1999Maximo, J.(1999).
Mem�rias do futebol brasileiro.
Estudos Avan�ados, 13(37), 179-188.https://doi.org/10.
1590/S0103-40141999000300009.https://doi.org/10.
1590/S0103-4014199900..., p.184).
Por causa dessa proibi��o,app cassino1910 os jogadores negros do Rio Grande do Sul/Brasil, como forma pol�tica de se manifestarem-se contra o racismo, criariam uma liga pr�pria, nomeada de Liga da Canela Preta, "que formou times poderosos, com destaque para Primavera, Palmeiras, Primeiro de Novembro e Rio-Grandense" (Skolaude, 2015Skolaude, M.(2015).
Ra�a e racismo na hist�ria do futebol brasileiro.In M.L.Silva (Org.
), 21 textos para discutir preconceitoapp cassinosala de aula (pp.112-117).Gazeta; EDUNISC.).
Em 1933 o futebol se tornou oficialmente uma profiss�o, porque um grande n�mero de jogadores brasileiros ia jogar no exterior e isso j� inclu�a negros e jogadores de origem popular.
De acordo com Pimenta, citado por Luccas (1998Luccas, A.(1998).
Futebol e torcidas: Um estudo psicanal�tico sobre o v�nculo social [Disserta��o de mestrado, Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo].
), os clubes passaram a ser dirigidos por negociantes de grandes ind�strias, que davam oportunidade ao trabalhador e ao jogador de futebol ter sal�rios expressivos, uma renda extra e reconhecimento.
Para Maximo (1999Maximo, J.(1999).
Mem�rias do futebol brasileiro.
Estudos Avan�ados, 13(37), 179-188.https://doi.org/10.
1590/S0103-40141999000300009.https://doi.org/10.
1590/S0103-4014199900..., p.
85) "no Brasil, estranho que pare�a, o avan�o profissionalista teve como causa uma ideia conservadora".
Esse regime teve uma aceita��o maior de times de elite, que tinham seus elencos formados por s�cio atletas e possu�am o direito de ir para a sede dos clubes.
E estes mesmos clubes sofriam amea�as de exclus�oapp cassinocampeonatos por n�o possu�rem jogadores negrosapp cassinoseus elencos.
Profissionalizando o futebol, as equipes poderiam contratar jogadores de qualquer ra�a e classe social, sem precisar sujar o c�rculo social do clube quando se rejeita um jogador porapp cassinocor ou condi��o social.
"N�o foi por acaso que as elites do Fluminense e do S�o Paulo estavam entre os l�deres do movimento profissionalista" (Maximo, 1999Maximo, J.(1999).
Mem�rias do futebol brasileiro.
Estudos Avan�ados, 13(37), 179-188.https://doi.org/10.
1590/S0103-40141999000300009.https://doi.org/10.
1590/S0103-4014199900..., p.185).
Durante o Estado Novo, �pocaapp cassinoque vigorava o governo de Get�lio Vagas, os jogadores negros e pobres come�am a ter espa�o dentro dos times de futebol.
Mas era preciso ter bons n�veis de habilidade, de forma que contribu�sse para o status da equipe.
A ideia de promover a Copa do Mundoapp cassino1950 e a consequente constru��o dos est�dios de futebol ajudou na abertura das portas dos times para a inclus�o dos negros na elite no futebol.
A Copa do Mundo de futebol de 1950 foi um momento marcante com a derrota por 2 a 1 na partida final contra o Uruguai, dentro do Maracan�, porque "a responsabiliza��o pelo fracasso recaiu sobre as costas de tr�s atletas negros: Barbosa, Juvenal e Bigode", como se o negro carregasseapp cassinosi o estigma do fracasso (Skolaude, 2015Skolaude, M.(2015).
Ra�a e racismo na hist�ria do futebol brasileiro.In M.L.Silva (Org.
), 21 textos para discutir preconceitoapp cassinosala de aula (pp.112-117).Gazeta; EDUNISC., p.15).
Esse evento serviu como legitima��o te�rica das teorias raciais, isto �, o estigma do atleta negro enquanto fadado ao fracasso, como foi o caso de Barbosa, goleiro negro que defendeu a sele��o brasileira naquele mundial.
Desde ent�o, constituiu-se no imagin�rio popular a concep��o de que goleiros negros n�o eram competentes o suficiente para defenderem a sele��o brasileira; ou seja, esses arqueiros passaram a ser preteridosapp cassinorela��o aos goleiros brancos.
Al�m disso, legitimou-se a concep��o de que negros n�o possu�am estrutura emocional suficiente para embates de grande envergadura (Skolaude, 2015Skolaude, M.(2015).
Ra�a e racismo na hist�ria do futebol brasileiro.In M.L.Silva (Org.
), 21 textos para discutir preconceitoapp cassinosala de aula (pp.112-117).Gazeta; EDUNISC., p.15).
O futebol ainda � carregado de ambuiguidade, uma vez que ele � visto como fator que une a sociedade, mas, ao mesmo tempo, foi constru�do promovendo desigualdade e exclus�o.
Luccas (1998Luccas, A.(1998).
Futebol e torcidas: Um estudo psicanal�tico sobre o v�nculo social [Disserta��o de mestrado, Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo].
) nos lembra que a independ�ncia estrutural e institucional pressuposta no futebol � falseadora.
Ela encobre as rela��es de nepotismo, favorecimentos pol�ticos, m� administra��o do dinheiro e corrup��o no esporte, da mesma forma como envolvem outras institui��es sociais.
"Neste momento de transforma��es estruturais pelas quais passa o futebol � bastante paradigm�tica a refer�ncia saudosista ao passado" (Luccas, 1998Luccas, A.(1998).
Futebol e torcidas: Um estudo psicanal�tico sobre o v�nculo social [Disserta��o de mestrado, Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo]., p.43).
Como pudemos acompanhar pela pesquisa, "a hist�ria do futebol � permeada pelas mesmas desigualdades, exclus�es sociais e pol�ticas diversas que caracterizam a sociedade brasileira nestes �ltimos cem anos" (Luccas, 1998Luccas, A.(1998).
Futebol e torcidas: Um estudo psicanal�tico sobre o v�nculo social [Disserta��o de mestrado, Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo]., p.42).
As(os) psic�logas(os) devem conhecer sobre as pol�ticas de identidade e as teorias que tratam da forma��o das identidades e, por esse motivo, abordaremos a tem�tica no pr�ximo item.
Identidade �tnico racial e sofrimento ps�quico
A constru��o social, cultural e pol�tica faz com que o indiv�duo desenvolva uma identifica��o com grupo racial ou �tnico.
Est� ligado diretamente com as experi�ncias de vida, educa��o e socializa��o no meio onde o sujeito est� inserido "e tamb�m com a consci�ncia adquirida diante das prescri��es sociais raciais ou �tnicas, racistas ou n�o, de uma dada cultura" (Oliveira, 2004Oliveira, F.(2004).
Ser negro no Brasil: Alcances e limites.
Estudos Avan�ados , 18(50), 57-60.https://doi.org/10.
1590/S0103-40142004000100006https://doi.org/10.
1590/S0103-4014200400..., p.57).
Ciampa (1987), citado por Pinto e Ferreira (2014Pinto, M., & Ferreira, R.(2014).
Rela��es raciais no Brasil e a constru��o da identidade da pessoa negra.
Pesquisas e Pr�ticas Psicossociais, 2(9), 257-266., p.
261), tem a vis�o de que a identidade est�app cassinoconstante mudan�a, sendo produto da rela��o entre hist�ria pessoal, contexto s�cio hist�rico e objetivos do sujeito.
O CFP (2017)Conselho Federal de Psicologia.(2017).
Rela��es raciais: Refer�ncias t�cnicas para atua��o de psic�logas/os.
afirma que o negro que est� inseridoapp cassinoum grupo racial de negros tem a possibilidade de construirapp cassinoidentidade individual e coletiva de forma beneficente paraapp cassinosa�de mental.
Isto devido aos est�mulos e la�os que ele vai desenvolver no grupo, que pode vir a proporcionar uma vis�o positiva a respeito deapp cassinopr�pria identidade negra.
Ao construir uma identidade racial coletiva e pessoal, o negro tem um recuso que potencializa a estrutura��o daapp cassinoautoestima e autoconfian�a.
Segundo a concep��o de Melo (2015Melo, D.J.L.(2015).
A produ��o social da identidade �tnico-racial e o "lugar" do Negro no Brasil: Entre constru��es e desconstru��es [manuscrito n�o-publicado].
Universidade Federal do Maranh�o., p.
3), "o indiv�duo � constru�do nas intera��es sociais, espa�os de socializa��o que influenciam formas de agir, ser, viver e pensar o mundo, construir, produzir s�mbolos, lutar, resistir".
O indiv�duo possui uma constru��o hist�rica e tem uma signific�ncia na constru��o daapp cassinoidentidade.
No Brasil � extremamente complicado assumir uma identidade racial negra, visto ser este um processo dif�cil e doloroso devido � escassez de refer�ncias negras com visibilidade e sucesso, e mesmo quando aparecem, n�o existe um respeito � diversidade �tnico racial.
Oliveira (2004Oliveira, F.(2004).
Ser negro no Brasil: Alcances e limites.
Estudos Avan�ados , 18(50), 57-60.https://doi.org/10.
1590/S0103-40142004000100006https://doi.org/10.
1590/S0103-4014200400...
) afirma que desconhece estudos firmes sobre identidade racial/�tnica no Brasil.
Silva (2000Silva, T.T.
(2000) A produ��o social da identidade e da diferen�a.In T.T.Silva (Org.
), Identidade e diferen�a (pp.73-102).Vozes., p.
74) afirma que "� simplesmente o que �", nesta perspectiva, quando algu�m afirma "sou negro", se afirma com uma identidade, negando as outras poss�veis identidades n�o pertencentes a ele.
Por exemplo, ao se afirmar negro, automaticamente nega ser branco, pardo, amarelo e assim por diante.Melo (2015Melo, D.J.L.(2015).
A produ��o social da identidade �tnico-racial e o "lugar" do Negro no Brasil: Entre constru��es e desconstru��es [manuscrito n�o-publicado].
Universidade Federal do Maranh�o.
), destaca que, al�m de se constitu�rem de forma dependente, identidade e diferen�a s�o cria��es lingu�sticas que se manifestam no senso comum.
Esse fen�meno acontece "a partir do reconhecimento de alguma origem comum ou de caracter�sticas comuns ou mesmo da cren�aapp cassinoum mesmo ideal, valor ou tra�o" (Melo, 2015Melo, D.J.L.(2015).
A produ��o social da identidade �tnico-racial e o "lugar" do Negro no Brasil: Entre constru��es e desconstru��es [manuscrito n�o-publicado].
Universidade Federal do Maranh�o., pp.3-4).
Portanto as identidades englobam rela��es de poder, resultado de hierarquias, disputas e imposi��o, procurando afirmar recursos simb�licos da sociedade, se transformandoapp cassinouma produ��o discursiva usada como natural na linguagem.
No que diz respeito � identidade negra, desde que o Brasil come�ou a se formar como sociedade percebe-se que o indiv�duo negro se afasta de si.
Como Melo (2015Melo, D.J.L.(2015).
A produ��o social da identidade �tnico-racial e o "lugar" do Negro no Brasil: Entre constru��es e desconstru��es [manuscrito n�o-publicado].
Universidade Federal do Maranh�o., p.
5) afirma, existe "um desejo de ser branco", al�m de existir uma interioriza��o de estigmas e de diversos sentimentos, tais como vergonha, humilha��o, sensa��o de inferioridade.
A maioria da popula��o brasileira, negra e branca, introjetou o ideal do branqueamento.
Esse ideal, inconscientemente, interfere no processo de constru��o da identidade da pessoa negra, pois o sentimento de solidariedade e pertencimento de grupo entre a popula��o negra acaba por se enfraquecer (Pinto & Ferreira, 2014Pinto, M., & Ferreira, R.(2014).
Rela��es raciais no Brasil e a constru��o da identidade da pessoa negra.
Pesquisas e Pr�ticas Psicossociais, 2(9), 257-266., p.262).
De acordo com Munanga, citado por Pinto e Ferreira (2014Pinto, M., & Ferreira, R.(2014).
Rela��es raciais no Brasil e a constru��o da identidade da pessoa negra.
Pesquisas e Pr�ticas Psicossociais, 2(9), 257-266.
), a ideia do branqueamento tem impacto diretamente na forma��o da autoestima do negro.
O sujeito negro interioriza todo preconceito dirigido a ele ou a cor, desenvolvendo condutas de identifica��o com os valores da cultura que predomina, que � a do branco.
O preconceito racial,app cassinoqualquer parte do contexto social, reafirma o lugar metaf�rico do negro na sociedade, criando uma nega��o e inferioridade do negro.
Sendo assim, os estigmas, situa��es de racismo e discrimina��o que acontecem no dia a dia, podem influenciar negativamente na produ��o do autoconhecimento do negro, uma vez reconhecido que tudo isso s�o defini��es que n�o condizem com a realidade.
Melucci (2004) citado por Melo (2015Melo, D.J.L.(2015).
A produ��o social da identidade �tnico-racial e o "lugar" do Negro no Brasil: Entre constru��es e desconstru��es [manuscrito n�o-publicado].
Universidade Federal do Maranh�o., p.
4) fala a respeito "da identidade como dependente do retorno de informa��es vindas dos outros".
Sendo assim, o negro, tendo lugar de inferioridade numa sociedade racista, ter� de um outro uma vis�o contaminada pelo preconceito.
Orienta��es do Conselho Federal de Psicologia (CFP)
O CFP lan�ou,app cassino2017, uma cartilha com refer�ncias t�cnicas para orientar a categoria a respeito de como a psicologia poderia contribuir para entender e erradicar o racismo.
A cartilha define tr�s formas de o racismo impactar a subjetividade do negro, dependendo da maneira como o sujeito lida com a discrimina��o.
S�o elas: crescimento e questionamento; utiliza��o de mecanismos ps�quicos defensivos contra o racismo; e dilaceramento ps�quico.
A primeira � quando a pessoa tem percep��o de como o racismo a impactou e transforma issoapp cassinomaneiras sociais e psicol�gicas para combat�-lo.
Ela poder� alcan�ar um crescimento, potencializando aquilo que sofreu e se engajando na luta contra o racismo, seja por meios pol�ticos, la�os familiares e c�rculo de amigos (Conselho Federal de Psicologia, 2017Conselho Federal de Psicologia.(2017).
Rela��es raciais: Refer�ncias t�cnicas para atua��o de psic�logas/os., p.58).
O ex �rbitro Marcio Chagas � um exemplo disso quando diz que resolveu denunciar o racismo mesmo que isso lhe custasse o preju�zo no trabalho.
Sua fala � marcante e do�da e por isso decidimos traz�-la na �ntegra:
Eu posso at� me prejudicar no trabalho, mas resolvi comprar a briga porque ...
nos f�runs que re�nem negros, costumamos dizer que os racistas podem nos fazer duas coisas: ou eles nos matam ou eles nos adoecem.
Eu me recuso a morrer ou adoecer.Prefiro lutar.
Quando esses ataques acontecem, minha mulher, que � negra, me d� a for�a que ela consegue.
Ela sabe muito bem o que � isso.
Meus filhos ainda n�o sabem.
Eu fortaleci a consci�ncia da minha negritude principalmente pelo rap, ouvindo aquela m�sica, analisando aquela letra e me identificando com aquela situa��o retratada (Silva, 2019Silva, M.C.
(2019, 29 de abril).
Matar negro � adubar a terra: Comentarista de arbitragem da Globo denuncia agress�es racistas que ouviu no campo e na cabine.UOL Esporte.https://esporte.uol.com.
br/reportagens-especiais/marcio-chagas-denuncia-racismo/index.
htmmatar-negro-e-adubar-a-terrahttps://esporte.uol.com.br/reportagens-e..., p.1).
Um segundo impacto para a subjetividade (apontado na cartilha) � a utiliza��o de mecanismos ps�quicos inconscientes para se defender do racismo.
Neste caso a tend�ncia � que a v�tima negue que a atitude do outro foi preconceituosa, para n�o lidar com os sentimentos de discrimina��o (Conselho Federal de Psicologia, 2017Conselho Federal de Psicologia.(2017).
Rela��es raciais: Refer�ncias t�cnicas para atua��o de psic�logas/os.).
Tendemos a interpretar o caso de Sergio Camargo, presidente da Funda��o Palmares como sendo dessa natureza, pois todaapp cassinonega��o do racismo e a��es que contrariam os interesses do povo negro s� pode ter essa explica��o.
E por �ltimo, o dilaceramento ps�quico, que tem um car�ter mais desestabilizador no sujeito, ou seja, "aquelesapp cassinoque o efeito do racismo � vivido como catastr�fico, precisam de uma gama variada de apoio para se refazer do trauma vivido" (Conselho Federal de Psicologia, 2017Conselho Federal de Psicologia.(2017).
Rela��es raciais: Refer�ncias t�cnicas para atua��o de psic�logas/os., p.59).
O sujeito pode recorrer � terapia individual, coletiva, buscar pol�ticas p�blicas que o auxiliem no processo de reconstru��o ps�quica.
No que diz respeito � utiliza��o dos mecanismos ps�quicos defensivos e dilaceramento ps�quico, Gon�alves Filho (1998), citado pelo Conselho Federal de Psicologia (2017Conselho Federal de Psicologia.(2017).
Rela��es raciais: Refer�ncias t�cnicas para atua��o de psic�logas/os., p.
59), afirma que, "em fun��o do jugo racista, como defesa a esse jugo, o sujeito pode tentar afastar-se de situa��es que possam aproxim�-lo deapp cassinonegritude, seja do contato com outros negros(as), seja dos sinais corp�reos que indicamapp cassinocondi��o racial-fenot�pica".
N�o podemos desconhecer que esse processo � tamb�m um tipo de defesa contra a humilha��o pol�tica racista historicamente vivida, o que causa muito sofrimento.
Essa ang�stia � ancestral pois "foi vivida por ele antes e por seus antecedentes e os antecedentes de seus antecessores" (Gon�alves Filho, citado por Conselho Federal de Psicologia, 2017Conselho Federal de Psicologia.(2017).
Rela��es raciais: Refer�ncias t�cnicas para atua��o de psic�logas/os., p.59).
A cura da consequ�ncia de um ato racista necessita de interven��o tanto para quem comete, quanto para quem sofre.
� preciso criar meiosapp cassinoque o(a) negro(a) possa se refor�ar ps�quica e politicamente, e conscientizar os brancos do seu papel nesta constru��o �tnico racial.
De acordo com a cartilha do CFP (2017Conselho Federal de Psicologia.(2017).
Rela��es raciais: Refer�ncias t�cnicas para atua��o de psic�logas/os., p.
60) � preciso que os brancos se conscientizem do "privil�gio que possuem pois isso perpetua a viol�ncia entre os negros(as)".
Existe um alto n�mero de jogadores negros, que mesmo depois de constru�rem uma carreira de express�o no esporte sofrem com o preconceito, vindo de c�nticos de torcida ou a��es de institui��es e outros jogadores.
Embora "nenhuma empresa brasileira declare por escrito: "n�o aceitamos negras(os) para o cargo de chefia", (Conselho Federal de Psicologia, 2017Conselho Federal de Psicologia.(2017).
Rela��es raciais: Refer�ncias t�cnicas para atua��o de psic�logas/os., p.
111), dentro dos clubes e federa��es � baixo o n�mero de negros como t�cnicos, diretores e presidentes de clubes, �rbitros e demais profiss�es dentro deste esporte.
O resultado disso � a quase invisibilidade do negro nos lugares de comando no futebol.
No pr�ximo item abordaremos o papel e os desafios da psicologia no campo do esporte, abordando as a��es que devem ser norteadoras de uma cl�nica �tico-politicamente comprometida com a erradica��o do racismo no esporte e, consequentemente, no futebol.
A constru��o de uma psicologia cl�nica para o esporte comprometida com a erradica��o do racismo
A quest�o �tnico racial ficou por muito tempo invis�vel ao interesse da psicologia.
S�app cassino2017 o CFP lan�ou uma cartilha com refer�ncias t�cnicas � categoria, embora desde 2010 um coletivo de psic�logos(as) tenha formado uma rede de pesquisadores da quest�o racialapp cassinopsicologia.
Como a psicologia � uma ci�ncia que estuda a subjetividade humana, ela pode e deve "fornecer subs�dios consistentes para explicar fen�menos como apatia social, v�nculos, desenvolvimento psicossocial e os efeitos ps�quicos do racismo nas rela��es humanas" (M�der, 2016M�der, B.(2016).
Psicologia e rela��es �tnico-raciais: di�logos sobre o sofrimento ps�quico causado pelo racismo.
Conselho Regional de Psicologia - 8� Regi�o., pp.15-16).
Em rela��o ao esporte temos um marco da psico- logia no Brasil que � a institui��o das especialidades no Brasil com a resolu��o 014/00.
Mesmo depois da Psicologia do Esporte (PE) ter se tornado uma espe- cialidade da psicologia, indo para al�m de sempre ter sido uma das ci�ncias do esporte, temos, de acordo com os estudos de Myotin (2018Myotin, E.(2018).
Psicologia do Esporte: Produ��o cient�ficaapp cassinoP�s-gradua��oapp cassinoEduca��o F�sica e Psicologia de Minas Gerais (1980-2012) [Disserta��o de mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais].Reposit�rio UFMG.
https://repositorio.ufmg.
br/handle/1843/BUOS-B4TFZ5
https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/...
), sobre a psicologia do esporte no estado de Minas Gerais, �nfima produ��o de conhecimento sobre o que acontece no esporte por parte das faculdades de psicologia.
O estudo de Myotin (2018)Myotin, E.(2018).
Psicologia do Esporte: Produ��o cient�ficaapp cassinoP�s-gradua��oapp cassinoEduca��o F�sica e Psicologia de Minas Gerais (1980-2012) [Disserta��o de mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais].Reposit�rio UFMG.
https://repositorio.ufmg.
br/handle/1843/BUOS-B4TFZ5
https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/...
mostrou que as faculdades de educa��o fisica s�o hegem�nicas na produ��o de conhecimento na PE, dando prefer�ncia aos estudos sobre aspectos relativos � melhoria da performance no esporte de alto rendimento.
Da� que o racismo no esporte ainda n�o foi investigado como deveria pela PE tamb�m.
Concordamos com a cartilha do CFP (2017Conselho Federal de Psicologia.(2017).
Rela��es raciais: Refer�ncias t�cnicas para atua��o de psic�logas/os., p.
214) quando alega que "em sociedades desfiguradas por s�culos de discrimina��o generalizada, n�o � suficiente que as institui��es se abstenham de discriminar, sendo necess�ria uma a��o positiva comprometida com a promo��o da igualdade".
A quest�o � da ado��o de uma pol�tica afirmativa que englobe a inclus�o e ascens�o da igualdade.
Necessita de uma aten��o e a��o constante das institui��es contra as atitudes que se dizem neutras ou sem inten��o de discriminar.
Assim � poss�vel enfrentar e combater o preconceito que vem se velando cada dia mais.
� preciso fazer a distin��o entre a a��o afirmativa e os comportamentos atuante das institui��es que favorecem a cria��o de condi��es que permitam a todos beneficiar-se da igualdade de oportunidade e de tratamento.
A a��o afirmativa visa eliminar qualquer fonte de discrimina��o, direta ou indireta, criando por exemplo, cotas raciais na contrata��o de funcion�rios.
Isso tem acontecido atualmente quando h� concursos p�blicos com reserva de vagas para a popula��o negra.
"Apesar do n�mero de a��es afirmativas efetivamente relacionadas � pol�tica p�blica ou privada ser pequeno, a incorpora��o dela � facilmente percebida, assim como seu efeito" (Conselho Federal de Psicologia, 2017Conselho Federal de Psicologia.(2017).
Rela��es raciais: Refer�ncias t�cnicas para atua��o de psic�logas/os., p.114).
Essas a��es afirmativas podem ser pensadas e colocadasapp cassinopr�tica a partir do diagn�stico institucional.
Considerando o contexto brasileiro, � preciso que as pessoas, e principalmente os profissionais - os da psicologia principalmente - tenham ambientesapp cassinoque possam pensar a respeito da identidade negra.
"� importante que as(os) profissionais fa�am a reflex�o sobre si pr�prios, como sujeitos constitu�dosapp cassinouma sociedade cujo imagin�rio social demarca a(o) negra(o)app cassinoum lugar inferior, oprimido e menos valorizado, ocupando subempregos ou restritos a arte e esporte" (Conselho Federal de Psicologia, 2017Conselho Federal de Psicologia.(2017).
Rela��es raciais: Refer�ncias t�cnicas para atua��o de psic�logas/os., p.115).
Segundo Oliveira e Nascimento (2018Oliveira, R., & Nascimento, M.(2018).
Psicologia e rela��es raciais: Sobre apagamentos e visibilidades.
Revista da ABPN, 10(24), 216-240.http://www.abpnrevista.org.br/revista/index.
php/revistaabpn1/article/view/582http://www.abpnrevista.org.br/revista/in...
), a cartilha do CFP ainda n�o � capaz de ampliar o olhar da psicologia cl�nicaapp cassinorela��o ao sofrimento derivado do preconceito racial, porque no que tange aos aspectos epistemol�gicos das constru��es da psicologia para a dimens�o emocional, individual (singular) e subjetiva - no caso, a psicologia cl�nica - n�o h� bases te�ricas que possam referendar a escuta cl�nica "do sofrimento ps�quico decorrente da viol�ncia traum�tica de uma sociedade racista e racializadaapp cassinotodos os seus �mbitos" (Oliveira & Nascimento, 2018Oliveira, R., & Nascimento, M.(2018).
Psicologia e rela��es raciais: Sobre apagamentos e visibilidades.
Revista da ABPN, 10(24), 216-240.http://www.abpnrevista.org.br/revista/index.
php/revistaabpn1/article/view/582http://www.abpnrevista.org.br/revista/in..., pp.225-226).
A cartilha chama a ten��o para o fato de ser o homem e o "aparelho ps�quico" efeitos da realidade onde vive e que o psic�logo e profissional de sa�de mental precisa considerar os aspectos hist�ricos da constru��o da sociedade como um todo.
"Banhado pela cultura e pela etnicidade, que tamb�m inclui a racialidade, o racismo, e toda gama de dificuldades sociais emocionais" (Oliveira & Nascimento, 2018Oliveira, R., & Nascimento, M.(2018).
Psicologia e rela��es raciais: Sobre apagamentos e visibilidades.
Revista da ABPN, 10(24), 216-240.http://www.abpnrevista.org.br/revista/index.
php/revistaabpn1/article/view/582http://www.abpnrevista.org.br/revista/in..., pp.226-227).
Em nossa opini�o, a Psicologia do Esporte tem um grande desafio pela frente, j� que � necess�rio tamb�m "inventar" uma cl�nica psicol�gica capaz de acolher e escutar o sofrimento ps�quico advindo do racismo e das pervers�es de um contexto de civiliza��o como a brasileira.
Reconhecemos que a hist�ria da PE, enquanto uma especialidade da Psicologia, merece tratamento te�rico mais pormenorizado, mas como esse n�o � nosso foco nesse momento, deixaremos marcado nosso compromisso de abord�-loapp cassinooutro trabalho.
Conclus�o
O sujeito negro enfrenta, ao longo da hist�ria, a dificuldade de garantir seus direitos e a constru��o e afirma��o de suas subjetividades sem uma conota��o pejorativa.
H� diversos fatores que levam a tal dificuldade, mas est�o ligados � constru��o hist�rica do Brasil, que tem uma constru��o cultural e ideol�gica que rebaixa o negro.
O tr�fico negreiro e a escravid�o, como j� contextualizado neste estudo, reafirmam essa ideia.
No Brasil, existe a ideia de que pretos e brancos vivem harmonicamente, caracterizando uma ideia de democracia racial,app cassinoque todos t�m direitos iguais (Melo, 2015Melo, D.J.L.(2015).
A produ��o social da identidade �tnico-racial e o "lugar" do Negro no Brasil: Entre constru��es e desconstru��es [manuscrito n�o-publicado].
Universidade Federal do Maranh�o., p.4).
Como demonstramos nesta pesquisa, o racismo apresenta diversas facetas, que podem ter diversas consequ�ncias sobre a vida do sujeito, al�m do adoecimento da pessoa que sofreu viol�ncia, as consequ�ncias podem se estender at� a fam�lia.
A forma��o curricular do aluno de psicologia precisa apresentar as bases epistemol�gicas que apresentem contexto s�cio hist�rico, escravid�o, pol�tica da coloniza��o e povos africanos, o genoc�dio de negros e ind�genas, bem como a escravid�o.
Toda essa hist�ria deixou marcas que estruturam a base do pensamento - psiquismo - de negros e brancos e isso precisa ser de conhecimento dos profissionais da Psicologia.
Existe um alto n�mero de jogadores negros, que mesmo depois de constru�rem uma carreira de express�o no esporte sofrem com o preconceito, vindo de c�nticos de torcida ou a��es de institui��es e outros jogadores.
Embora o racismo n�o apare�a de forma evidente, j� que nenhuma empresa declararia n�o aceitar negrosapp cassinoseus quadros para cargos de comando, podemos contar nos dedos o n�mero de negros que est�o nesses dentro das federa��es como gerentes, diretores e presidentes de clubes.
Mas tamb�m dentro das quatro linhas do campo do futebol n�o vemos t�cnicos, �rbitros e demais profissionais como m�dicos, fisioterapeutas e psic�logos atuando.
O resultado disso � a quase invisibilidade do negro nos lugares de comando no futebol.
Por esse motivo, � necess�ria a implanta��o de pol�ticas afirmativas visando democratizar a participa��o de pessoas pretasapp cassinocargos de gest�o no esporte, por exemplo.
Pode-se assim concluir que a constru��o do futebol no Brasil � marcada pelo preconceito racial.
� evidente que a discrimina��o traz consequ�ncias � constru��o da identidade do negro, uma vez que ainda nos dias de hoje � visto como inferiorapp cassinodeterminados contextos sociais.
No Brasil, ainda se perpetua a ideia de branqueamento, o que leva muitos sujeitos a constru�rem uma identidade baseada no sujeito branco.
Segundo o CFP (2017Conselho Federal de Psicologia.(2017).
Rela��es raciais: Refer�ncias t�cnicas para atua��o de psic�logas/os., p.
113), um plano de interven��o dentro da institui��o para o combate do preconceito racial necessita "refletir nos c�digos de conduta, na miss�o da institui��o, nos princ�pios; enfim, na maneira como a institui��o se posiciona, interna e externamente".
No contexto do futebol, as notas de rep�dio, puni��es vindas dos clubes ou institui��es m�ximas que coordenam o futebol s�o exemplos dessas medidas.
A cartilha do CFP traz contribui��es relevantes para a atua��o do psic�logo, contudo, ainda � preciso pensar uma cl�nica para a Psicologia do Esporte que enxergue os impactos do preconceito sofrido al�m de um mero sofrimento subjetivo.
Desta forma, � preciso considerar o contexto s�cio hist�rico do sujeito e seu lugar de fala.
Para isso, � necess�rio um di�logo da psicologia com todas as �reas de ci�ncias humanas, para ter ferramentas para fazer uma leitura dos impactos do racismo na subjetividade do jogador de futebol negro.
S� a partir da interdisciplinaridade podemos trazer elementos que agreguem � constru��o de uma cl�nica voltada para as rela��es raciais.
Durante a pesquisa bibliogr�fica n�o foram encontrados estudos dentro da especialidade Psicologia do Esporte a respeito do impacto do racismo na subjetividade do jogador negro ou qualquer outro trabalhador do esporte, e nem sobre as formas de combate do preconceito no �mbito esportivo.
Na m�dia, � poss�vel achar reportagens e mat�rias a respeito disso, conforme citado na introdu��o do trabalho.
Acreditamos que, se utilizados como fatos para argumentar durante a produ��o do trabalho, poderiam fragilizar o estudo.
Como �ltimo ponto, a cartilha do CFP afirma que, para que uma interven��o aconte�a de forma efetiva, � preciso identificar a��es feitas pelas institui��es que podem ter causado desigualdade racial.
Para que isso aconte�a o CFP orienta que seja obrigat�rio ter nos formul�rios, fichas cadastrais das(os) usu�rias(os), espa�o para identifica��o do quesito cor, "de modo a poder visualizar o perfil da popula��o atendida, bem como a forma com que as a��es alcan�am os diferentes grupos raciais" (Conselho Federal de Psicologia, 2017Conselho Federal de Psicologia.(2017).
Rela��es raciais: Refer�ncias t�cnicas para atua��o de psic�logas/os., p.116).
Sendo assim, � importante entender at� onde servi�os como promo��o de sa�de, educa��o, saneamento alcan�am as popula��es de diferentes etnias.
Para que desta forma o profissional entenda melhor os problemas e pontos cr�ticos para executar seu trabalho.
Independentemente de como come�ar� o trabalho do psic�logo atuante na institui��o, seja pelo levantamento do quesito ra�a/cor, diagn�stico da discrimina��o ou pela reflex�o dos profissionais e gestores a respeito da discrimina��o racial, concordamos com o CFP (2017Conselho Federal de Psicologia.(2017).
Rela��es raciais: Refer�ncias t�cnicas para atua��o de psic�logas/os., p.
117) que "o fato � que todos esses passos precisam ser contemplados para que o resultado seja a cria��o de servi�os p�blicos e privados como a��es afirmativas e, como tal, que sejam equ�nimes emapp cassinocomposi��o".
� preciso que todos na institui��o, seja p�blica ou privada, independentemente da hierarquia, estejam aptos a debater sobre o racismo.
Com as orienta��es da cartilha do conselho de 2017 � poss�vel pensar a atua��o e colabora��o do psic�logoapp cassinon�o somente conscientizar e combater o racismo, mas tamb�m uma atua��o que possa entender o sofrimento que o preconceito causa no jogador de futebol negro.
Ainda que seja uma �reaapp cassinoque alguns negros possuem uma grande visibilidade, sal�rios altos e grande influ�ncia.
Mas, ainda assim, enfrentam o preconceito racial.
Em tempos de retra��o de direitos, nossa categoria profissional ter� que estarapp cassinovig�lia para evitar que tudo que j� se foi pensado para o combate do racismo seja negligenciado e de novo se torne invis�vel na produ��o cientifica.
artigos relacionados
2023/12/27 21:59:15