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Por Rafaela Zem
02/12/2023 11h00 Atualizado 02/12/2023
O Brasil est� voltando a receber aves que migram para pa�ses?? do sul, durante a primavera, atr�s de condi��es clim�ticas favor�veis para reprodu��o e alimenta��o.
A migra��o � importante nos ecossistemas, conectando?? diferentes regi�es do mundo e mantendo a sobreviv�ncia de outras gera��es.
Mas, na jornada, as aves podem se contaminar e distribuir?? doen�as. Quase todos os casos de gripe avi�ria no Brasil at� agora apareceram em esp�cies migrat�rias.
Os focos de concentram no?? litoral, onde essas aves costumam parar.
A maior preocupa��o das autoridades � evitar que a contamina��o chegue a granjas e afete?? o consumo de frangos e ovos.
Cinco bilh�es de aves migram, anualmente, em todo o mundo. Elas desempenham um papel importante?? nos ecossistemas, conectando diferentes regi�es e mantendo a sobreviv�ncia de outras gera��es.
Mas, durante essas longas jornadas, parte desses p�ssaros vira?? hospedeira e distribuidora de doen�as como a do v�rus H5N1, causador da gripe avi�ria.
Neste ano, o Brasil teve casos da?? doen�a pela primeira vez. Dos quase 150 focos at� agora, a grande maioria foi em aves migrat�rias. O pico aconteceu?? em maio, no fim do ciclo migrat�rio anterior.
As aves se movimentam principalmente entre setembro e dezembro, com a chegada do?? outono no Hemisf�rio Norte e da primavera ao Hemisf�rio Sul. Ou seja: o Brasil est� voltando agora a receber essas?? "visitas". E, j� em setembro, registrou o segundo maior n�mero de focos do ano.
O esfor�o continua sendo para que essa?? contamina��o, que aconteceu principalmente no litoral, n�o alcance as granjas, afetando o com�rcio de frango e ovos.
Abaixo, veja algumas esp�cies?? que integram esses bandos e o percurso feito por elas.
Por que a migra��o � preocupante?
At� a �ltima sexta-feira (2), o?? Brasil acumulava 148 focos de gripe avi�ria em 2023 � o primeiro ano com casos de H5N1 no pa�s. O?? v�rus foi identificado pela primeira vez na China, em 1996.
A maioria dos focos no Brasil foi detectada em aves migrat�rias,?? a partir de maio. Os casos ca�ram nos meses seguintes, mas voltaram a subir em setembro.
As esp�cies que mais migram?? para o pa�s s�o ma�aricos, batu�ras e vira-pedras, mas os casos de gripe avi�ria no Brasil se concentram no trinta-r�is?? de bando e no trinta-r�is real.
O pa�s n�o registrou a doen�a em granjas voltadas para o com�rcio em larga escala.?? Caso a gripe avi�ria se disseminasse para esses estabelecimentos, os animais precisariam ser sacrificados, o que diminuiria a oferta de?? carne de frango e ovos.
Al�m de isso ser um problema para o mercado interno, poderia afetar as exporta��es: o pa�s?? � o maior exportador de carne de frango do mundo e o segundo maior produtor global, atr�s dos EUA.
At� agora,?? os tr�s focos envolvendo aves de cria��o foram em pequenas propriedades, tamb�m no litoral. E nunca houve registro da contamina��o?? em pessoas no pa�s.
Ainda n�o h� imunizantes para humanos contra a gripe avi�ria. Por�m, desde janeiro, o Instituto Butantan tem?? trabalhado no desenvolvimento de uma vacina. Os testes est�o sendo realizados com cepas vacinais que foram cedidas pela OMS.
A chegada?? da gripe � Am�rica do Sul
O H5N1 chegou a lugares que, antes, estavam protegidos: desde o final de 2023, o?? v�rus come�ou a se espalhar pela Am�rica, para pa�ses como Bol�via, Col�mbia, Costa Rica, Equador, Honduras, Panam�, Peru, Venezuela e?? Chile.
Em mar�o de 2023, a Argentina e o Uruguai tamb�m detectaram seus primeiros casos, enquanto o Paraguai e o Brasil?? come�aram a ter ocorr�ncias em maio, j� quase no final do ciclo migrat�rio, que recome�ou agora em setembro.
Em maio houve?? o pico de registros da gripe no Brasil, com 44 focos. Em setembro, o segundo maior n�mero: 30.
Os focos da?? doen�a em aves migrat�rias foram encontrados principalmente no litoral, que costuma ser o ponto de parada delas, longe dos centros?? de produ��o de frango e ovos.
Os p�ssaros v�m aos pa�ses do sul em busca de condi��es clim�ticas favor�veis para reprodu��o,?? troca de plumagem e alimenta��o. Quando aglomerados, o risco de bandos entrarem em contato com secre��es e fluidos de animais?? infectados, sejam eles vivos ou mortos, � grande.
At� o momento, j� houve registros de contamina��o de mam�feros no litoral do?? Rio Grande do Sul, em le�es-marinhos e lobos-marinhos.
"Existem outras doen�as que as aves podem disseminar como Febre do Nilo Ocidental?? (West nile virus), que tamb�m podem causar embargos", afirmou biologista e virologista da USP, Jansen de Ara�jo.
A Febre do Nilo?? � uma doen�a que atinge animais e humanos. Semelhante a dengue, ela tamb�m pode ser transmitida atrav�s da picada de?? mosquitos e provocar sequelas neurol�gicas nos infectados.
Apesar do risco, as aves migrat�rias desempenham um papel importante nos ecossistemas, conectando diferentes?? regi�es do mundo e mantendo a sobreviv�ncia de outras gera��es.
"� um fen�meno que acontece, vai continuar acontecendo e que �?? muito importante para a manuten��o da esp�cie. � importante para manter a biologia, a ecologia desses animais no ambiente", disse?? Jansen.
Com microchipagem de aves, pesquisadores descobriram novas rotas migrat�rias � 
: Jansen Ara�jo/ USP
Quais s�o as medidas de prote��o?
As granjas,?? as associa��es empresariais, o Minist�rio da Agricultura e os �rg�os estaduais de agricultura j� trabalham h� muitos anos no monitoramento?? da gripe avi�ria.
A ind�stria, porcomo ganhar nas casas de apostasvez, trabalhava h� muitos anos sob r�gidas regras de higiene e controle, estabelecidas pelo?? Programa Nacional de Sanidade Av�cola (PNSA), em 1994.
Em mar�o deste ano, depois de a gripe ter avan�ado para Argentina e?? Uruguai, o governo proibiu a realiza��o de exposi��es, torneios, feiras e outros eventos com aglomera��o de aves, al�m da cria��o?? de aves ao ar livre, com acesso a piquetes sem telas na parte superior, em estabelecimentos registrados no minist�rio. Visitas?? aos avi�rios tamb�m passaram a ser restritas.
Com os primeiros casos na hist�ria do pa�s, o Minist�rio da Agricultura declarou emerg�ncia?? zoossanit�ria at� o m�s de maio de 2024.
Na pr�tica, a medida permite adotar a��es de erradica��o do foco de forma?? r�pida, a mobiliza��o de verbas da Uni�o e a parceria com organiza��es estaduais para conter a dissemina��o da doen�a.
A Defesa?? Agropecu�ria do Estado de S�o Paulo, por exemplo, tem feito inspe��es em ilhas e recolhido materiais gen�ticos das aves para?? analisar a evolu��o dos casos e antecipar a��es preventivas.
A inten��o � evitar que a doen�a chegue �s regi�es com forte?? presen�a de atividades av�colas. Em S�o Paulo, 98% dos focos foram registrados em cidades do litoral. Nenhum caso foi identificado?? pr�ximo da regi�o de Bastos, que � a maior produtora de ovos do estado e uma das l�deres no pa�s.
Os?? pesquisadores brasileiros tamb�m t�m unido esfor�os para identificar as rotas migrat�rias e esp�cies integrantes por meio do monitoramento feito a?? partir da microchipagem de aves.
Em um projeto desenvolvido pela Universidade do Rio Grande do Sul, em parceria com o Minist�rio?? da Ci�ncia e Tecnologia, os p�ssaros recebem um chip de monitoramento.
"Capturamos as aves, recolhemos as amostras e analisamos (...) usamos?? o GPS. Antes, o monitoramento era feito com manilhas. Ou seja, s� sab�amos o ponto de partida e fim", contou?? o biologista e virologista da USP.
Com o acompanhamento, os pesquisadores conseguem analisar a rela��o dos casos com a presen�a das?? aves migrat�rias. Dessa forma, medidas preventivas podem ser tomadas antes mesmo do in�cio de um novo ciclo migrat�rio.
Cr�ditos
Coordena��o editorial: Luciana?? de OliveiraReportagem: Rafaela ZemCoordena��o de arte: Guilherme GomesDire��o de arte e ilustra��es: B�rbara Miranda, Max Francioli e Bianca Batista
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